“Mimosa boca errante à superfície até achar o ponto em que te apraz colher o fruto em fogo que não será comido mas fruído até se lhe esgotar o sumo cálido e ele deixar-te, ou o deixares, flácido, mas rorejando a baba de delícias que fruto e boca se permitem, dádiva.
Boca mimosa e sábia, impaciente de sugar e clausurar inteiro, em ti, o talo rígido mas varado de gozo ao confinar-se no limitado espaço que ofereces a seu volume e jato apaixonados, como podes tornar-te, assim aberta, recurvo céu infindo e sepultura?
Mimosa boca e santa, que devagar vais desfolhando a líquida espuma do prazer em rito mudo, lenta - lambente - lambilusamente ligada à forma ereta qual se fossem a boca o próprio fruto, e o fruto a boca, oh chega, chega, chega de beber-me, de matar-me, e , na morte, de viver-me. Já sei a eternidade: é puro orgasmo.”
Carlos Drummond de Andrade
Tem miminho de Halloween na sala de presentes vá pegar!!!
enviado por lurdeskida as 06:27
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